A Comunidade Venezuelana LGBTQ+ no Equador: Homofobia e Xenofobia?

Por

Julio Merchán-Romero; Angel Torres-Toukoumidis e Jenny Pontón

Palavras-chave

Comunidade LGBTQ+; Migração; Equador; Distanciamento social

De acordo com dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR(2021), até agora mais de 4 milhões de venezuelanos foram deslocados para o estrangeiro, representando 16% da migração forçada a nível mundial. Ainda mais preocupante, até 2022-2023, estes números deverão duplicar. Os factores que provocaram o êxodo venezuelano são o resultado de conflitos socioeconómicos e políticos que se arrastam há anos. Como resultado, o Equador tem sido um dos países com um grande número de migrantes venezuelanos, e cidades como Cuenca, Quito, e Guayaquil, como as de maior crescimento económico, são centros importantes onde estes migrantes se estabelecem ou os utilizam como cidades de trânsito para chegar ao Peru (Condori, et al., 2020), o segundo país com a segunda maior taxa de migrantes registados devido à sua dinâmica económica e comercial. Neste contexto, existe também um problema social evidente com a migração, e é o aumento da comunidade LGBTIQ+ nos diferentes países que são destinos dos cidadãos venezuelanos, que tem causado a necessidade urgente de políticas públicas que possam ser utilizadas para controlar a discriminação contra este grupo dentro de cada país. Este estudo apresenta a análise da discriminação contra um grupo migratório como os venezuelanos no Equador e as facetas da discriminação também exercida contra a comunidade LGBTIQ+ no seio destas ondas migratórias no país. Nesta perspectiva inicial, temos a existência da relação da sociedade venezuelana e equatoriana com a comunidade LGBTIQ+ que historicamente não tem sido muito boa, especificamente na Venezuela, onde a homofobia e o machismo se destacam como formas visíveis e comummente aceites de discriminação dentro de ambientes sociais concretos em que os membros destas comunidades carecem dos recursos necessários a um nível formativo dentro do seu desenvolvimento. Tendo em conta que a discriminação, é interpretada por atitudes socialmente ligadas a um conceito de discrepância com os padrões tradicionalmente estabelecidos em termos de identidade de género e orientação sexual, por outro lado, o machismo é entendido como comportamentos próprios da construção social arquetípica da masculinidade superior à das mulheres, subordinando-as a um ambiente mais utilitário do que igual (Alviarez & Lourenco, 2018). A seguinte investigação apresenta como objectivo geral: analisar a conjuntura da comunidade LGBTQ+ venezuelana no Equador. Vale também a pena mencionar que para além da nacionalidade, a população equatoriana tende a pro- ceder com menos familiaridade com as pessoas pertencentes à comunidade LGBTQ+, aumentando o seu distanciamento em relação aos venezuelanos quando estes pertencem a este grupo.