Este estudo tem como objetivo analisar como educadores da rede pública ofertam temáticas relacionadas à educação sexual e ao lazer na cidade do Natal. Nessa perspectiva, dialogamos sobre o tema da sexualidade embasados em Focault (1984), na coleção da História da sexualidade, mais especificamente em O uso dos prazeres, a “Dietética”, capítulo que trata sobre como filósofos, médicos e moralistas da Antiguidade observam como deveria ser o cuidado do corpo e da atividade sexual. Também utilizamos como base teórica os estudos de Herculine Barbim (1983), em seu livro O Diário de uma hermafrodita. Entendemos que, na realidade contemporânea, ainda são pertinentes discussões sobre o assunto, visto que percebemos uma negligência das escolas em abordar a educação sexual. Segundo pesquisa da Universidade Estadual Paulista), menos de 20% das escolas públicas brasileiras têm educação sexual ampla no ensino fundamental, e esse desconhecimento muitas vezes gera situações de abusos sexuais, gravidez na adolescência e aquisição de doenças sexualmente transmissíveis. Ainda por consequência dessa negligência, assuntos ligados à identidade de gênero, como a transexualidade e sexo biológico que diverge do macho ou fêmea, como é o caso de pessoas intersexos que nascem com diferenças biológicas, hormonais, genéticas ou cromossômicas serão ainda mais ignorados nos ambientes educacionais brasileiros. O artigo “Intersexo: entre a educação e o direito de ser”, de Santos, Martins e Pimenta Júnior (2021), aborda como a educação está intimamente ligada a questões de gênero, sexo e saúde. A Revista Brasileira de Estudos do Lazer, produzida em 2020, reuniu trabalhos envolvendo a temática da sexualidade e lazer, porém não abordou a intersecção entre lazer, sexualidade e educação. Compreende-se que as atividades de Lazer na escola por ser uma excelente alternativa de abordar os temas relacionados à sexualidade. Nesse sentido, o que a educação pode fazer para mudar o cenário vigente? Atualmente, nas escolas surgiram temáticas que falam sobre a inclusão da diversidade dos corpos de jovens que pertencem a sigla LGBTI, que geralmente são excluídos do processo de ensino-aprendizagem, visto as agressões sofridas, físicas e psicológicas, nesses ambientes, por conseguinte não usufruem de práticas de lazer que contribuem para nossa melhor convivência com o outro. Considerando que em escolas públicas há uma deficiência de apoio pedagógico para discutir tais temáticas, delimitamos o estudo em uma escola pública no entorno do IFRN Cidade Alta – Unidade Rocas. Para o desenvolvimento deste estudo, a pesquisa caracterizou-se como pesquisa básica, qualitativa, com objetivos descritivos e procedimento técnico relacionados à pesquisa de campo. Foi selecionada uma escola de ensino fundamental que fica próxima ao IFRN e foi conversado com a equipe pedagógica e foi possível entrevistar os professores de ciências e educação física sobre a forma como são abordadas temáticas: doenças sexualmente transmissíveis, diversidade biológica dos corpos, orientação sexual e como o lazer pode contribuir para uma melhor convivência escolar. Após essa etapa da pesquisa, realizamos palestras aos estudantes sobre lazer, sexualidade e saúde. A pesquisa obteve os seguintes resultado: 1. Que a escola é aberta às questões da diversidade e que se trabalham questões relacionadas à educação sexual. 2. Apresenta ainda limitações já que a temática ainda é vista como algo tabu devido aos preconceitos. 3. Necessita que intervenções sejam realizadas para que a equipe escolar tenha conhecimento de como os conhecimentos sobre sexualidade humana e lazer podem ser trabalhados de forma a envolver diversas disciplinas. Com isso esperamos diminuir o estigma a assuntos relacionados à sexualidade e promover o lazer, a partir da educação e também de práticas corporais que têm como resultado o bem-estar social e emocional.
Lazer e Sexualidade: uma possível articulação no ambiente educacional
Por
João de Deus de Souza Paiva; Kadydja K. Chagas; Isabelli Moreno e Thaís E. Santos
Palavras-chave
Sexualidade; Lazer; Educação; Antropologia do Corpo