Sexualidade face às relações afetivas-amorosas: subjetivação desde os corpos emaranhados por vínculos de conjugalidade. Existe o ‘Essencialmente feminino, em oposição ao mundo masculinista’ internalizado em mães da unidade de neonatologia

Por

Gisele Justiniano de Faria Martins; Luzinete Rezende da Incarnação e Rosely Cubo Pinto de Almeida

Palavras-chave

Sexualidade; Gênero; Relações Conjugais e Parentais; Contexto Feminino-Masculinista; Emoções de Sentimentos-Pensamentos.

O comportamento humano relacionado ao desejo tem significantes colonizados por sensações que surgem em um jogo de ordem discursiva. O adulto que cuida e exerce a função materna, fala; o corpo se destaca por ser o transmissor desse grande mediador simbólico que é a linguagem, em que a mãe tanto interpreta as expressões, quanto atribui sentido às manifestações das (in)satisfações, que prolonga a corporalidade com o neonato. A função paterna é a condição normalizada que opera um distanciamento ou mesmo uma interdição e neste sentido, leva-se em conta, justamente, o declínio da sociedade patriarcal com seus padrões de investimentos libidinais. Diante deste complexo cenário, nossa pesquisa em andamento, de cunho sócio-histórica com aporte da Teoria das Representações Sociais, discute a natureza dos constructos de gênero, relacionados aos (des)enlaces (dis)funcionais que reverberam no sistema de convivência conjugal em decorrência da internação extemporânea e prolongada manifesta por prematuridade gestacional e decorrida internação de alta gravidade da mãe-neonato. Criamos um rol de indicadores de análises qualitativas, a partir da identificação de mecanismos de conflitos que regem a subjetivação do feminino nos instituídos exercícios de vínculos da conjugalidade, tais sejam a assunção dos papéis de cuidadora do lar-filhos, manutenção da intimidade sexual e outros; no que se refere às demandas do mundo masculinista, examinamos as estratégias de defesa e posicionamentos frente às restrições e/ou privações de momentos de intimidade sexual que envolvem desde o afastamento e desinteresse pela manutenção e coesão da conjugalidade, diminuição dos níveis de responsividade e adaptabilidade, surgimento de alegações e dúvidas sobre a paternidade e outros. Nosso objetivo geral é aprofundar o estudo das relações entre a qualidade do vínculo de conjugalidade e a forma como a mãe internada em unidade neonatal descreve a convivência com o pai do bebê prematuro; especificamente, visamos delinear os motivos, intensidades e resoluções relativos aos subsistemas de conjugalidade-parentalidade. Para tal, utilizamos uma das hipóteses explicativas para compreender a dinâmica desse processo, ou seja, o efeito spillover (Erel & Burman, 1995), em que existem determinada intrínseca externalidade negativa-positiva inerente a UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal -, que singulariza a qualidade do relacionamento conjugal-parental e certo transbordamento de impacto de seu clima contextual-emocional. Como metodologia optamos por uma etnografia aplicada à área da saúde, com uma imersão no campo – unidade pública neonatal Hospital Dona Iris em Goiânia/Brasil, utilizando técnicas de observação-participante, livres conversações-de-oportunidade e entrevista-em-profundidade ao encontro do sentido da sexualidade na atual conjuntura e as diversidades de representações corporais como território de linguagens expressivos de desejos, sentimentos e sensações, que em termos de elementos emocionais e contextuais, são formas pelas quais os corpos emaranhados por vínculos de conjugalidade buscam manejos das habilidades de comunicação feminino-masculinista e/ou se utilizam de estratégias de enfretamento ao uso de hostilidades, provocações, ofensas e separações. Em síntese, o uso das estratégias que focalizem a consciência do ‘fluxo relacional conjuntural’ e a ‘experiência personificada dos sentimentos misturados aos pensamentos’ vai depender da noção crítica que se faz sobre a sexualidade quanto à perspectiva performática de gênero.