Neste trabalho, discuto como o exercício da sexualidade participa na configuração de uma estrutura social de dominação, que atinge grupos sociais determinados. Ao analisarem a obra do Marquês de Sade, os filósofos Adorno e Horkheimer denunciam as afinidades entre a dominação sexual dos personagens libertinos e modo de operação eficiente característico da racionalidade instrumental. Autoras feministas contemporâneas, por sua vez, apontam para o fato de que o(a) outro(a) da dominação não é uma figura casual. Enquanto a subordinação das mulheres, instituída pelo capitalismo moderno, participa de uma ordem patriarcal destinada a liberar os trabalhadores para a venda de sua força de trabalho, a dominação dos povos estrangeiros que forneceu mão-de-obra escrava para a empresa colonial deu ensejo a práticas específicas de dominação sexual. Nas colônias, essas duas formas de dominação encontram convergência na exploração dos corpos das mulheres negras e indígenas. Nesse contexto, em que a sexualidade e o sentimento amoroso são apartados, busca-se refletir sobre a potência do amor e do prazer como forma de liberdade, coesão e transformação social.
Sexualidade e Dominação na Modernidade: A Subordinação das Mulheres, Negras(os) e Povos Originários
Por
Luciana Dadico
Palavras-chave
Sexualidade; Dominação; Interseccionalidade; Mulheres; Teoria Crítica da Sociedade