Este trabalho emprega o conceito de pornotopia de Paul B. Preciado e a abordagem crítica de Theresa Tensuan sobre as histórias em quadrinhos para analisar a representação das personagens Magda, Deus aos domingos e Garota Silat, criadas pelo quadrinista Rafael Campos Rocha. A investigação também emprega a perspectiva de Marlucy Paraíso, para assumir os quadrinhos nos quais as três personagens são protagonistas como textos culturais voltados para o lazer e entretenimento. Com base na metodologia de análise de conteúdo descrita por Bardin, pretende-se demonstrar pornotopias como modelos de masculinidade inventados para produção e consumo de prazer afirmando-se em histórias em quadrinhos simultaneamente reprodutoras e críticas dessa mesma masculinidade. Isto é, o modo como as personagens têm seu corpo feminino representado reproduzem a ficção teatralizada da sexualidade sobre a qual fala Preciado e, ao mesmo tempo, desafiam essa mesma ficção ao apresentar discursos que flertam com a proposta decolonial, questionadora de estruturas simbólicas hegemônicas patriarcais. Nesse sentido, as personagens confirmam a leitura de Tensuan sobre os quadrinhos, oferecendo uma visão das práticas performáticas, rituais familiares e convenções culturais que delineiam diferenças individuais e coletivas no contexto nas quais se inserem, o contexto de um Brasil permeado por complexas disputas sobre o conceito de gênero culturalmente construído.
Pornotopia em Quadrinhos: a ficção teatralizada da sexualidade em Magda, Deus aos Domingos e Garota Silat
Por
Edmilson Miranda Jr
Palavras-chave
Decolonialidade; Entretenimento; Histórias em Quadrinhos; Lazer; Pornotopia