Esta investigação centra-se nos cartazes do Teatro de Revista à Portuguesa do Parque Mayer, durante o período do Estado Novo e na definição do conceito de “mulher” do referido regime, procurando dar resposta às seguintes questões: que representações e discursos relativos ao feminino são comunicados por estas formas visuais? Essas representações estabelecem algum tipo de ligação entre sexualidade e estes espetáculos de lazer? Que tipo de ligação? De forma a obter respostas, aborda-se primeiramente a situação das atrizes de Teatro de Revista à Portuguesa, na época do Estado Novo, explicitando a sua dinâmica própria na conjuntura nacional, com base numa pesquisa sistemática. O estudo empírico parte de um corpus constituído por 25 imagens de cartazes do Teatro de Revista, do Parque Mayer, entre 1957 e 1973. Após a análise pormenorizada desta documentação é possível compreender as representações femininas destacadas pelo Teatro de Revista à Portuguesa ao longo de 16 anos, demonstrando que as representações visuais utilizadas nos cartazes por este género teatral indicam que as mulheres foram exploradas como objetos sexuais e que havia um esforço para associar a sexualidade a estes espetáculos de lazer. A abordagem escolhida é a análise semiótica de conteúdo, que permite, por um lado, aprofundar a leitura das imagens dos cartazes de Teatro de Revista à Portuguesa e, por outro, enriquecê-la, procurando expor conteúdos, forças e fluxos que possibilitem melhor compreender as imagens e as mensagens que lhe estão subjacentes.
O corpo feminino, a sexualidade e o lazer: uma análise de cartazes de Teatro de Revista à Portuguesa no período do Estado Novo
Por
Helena Gonçalo Ferreira e Maria Manuel Baptista
Palavras-chave
Teatro de Revista à Portuguesa; Comunicação Visual; Sexualidade; Espetáculos de Lazer; Mulher; Objeto Sexual