Bom sexo e mau sexo – do trabalho ao lazer, do tédio ao prazer

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Palavras-chave

Sexo; Lazer; Trabalho Sexual; Prazer; Sexualidade Não-normativa

Partindo da ideia de hierarquia sexual de Rubin (1984), iremos refletir sobre a sexualidade que é considerada “boa”, “normal” ou “natural” em oposição àquela que é considerada “má”, “anormal” ou “não natural”. Independentemente dessa hierarquização que confere um estatuto inferior a certas formas de sexualidade, como o comércio do sexo, a sexualidade kinky ou a pornografia, o sexo adquire significados distintos para diversas pessoas em diferentes ocasiões. Podemos mesmo questionar o que é o sexo pois ele está ligado a uma variedade de qualidades intangíveis, tais como as ideias de romance, atração, compromisso, independência, orientação, identidade, higiene, fantasia, anormalidade, desvio, crime, degradação, libertação, pecado, perversão (Attwood & Smith, 2013). As motivações, as práticas e as experiências sexuais podem ser percecionadas de forma variada e complexa: o sexo pode ser concebido como uma atividade de lazer (Stebbins, 1997) ou entendido como trabalho (eg Oliveira, 2011, 2018; Sanders, 2004; Weitzer, 2009); o prazer de uns pode ser o tédio de outros. Assim, tomando exemplos, particularmente da indústria do sexo, relativamente aos quais existe uma atitude condenatória, iremos analisar as formas de sexualidade que aí emergem e os significados que lhe são atribuídos pelos diferentes atores implicados.